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Monthly Archives: outubro 2012

E então a nudez e a miséria resolveram se juntar. Não sei se, por toda a nudez ser miserável, ou quem sabe, pela nudez, despida de pudor, se vestir de miséria.

E a paisagem sem você? É paisagem do mesmo jeito. E o mundo sem você? É o mundo ainda, e sempre será, com, ou, sem você. Mas você o vê, e ele te vê. Mas não há um pertencimento, você não pertence ao mundo, e o mundo, a você.
Por isso, que, dos retratos de paisagem, eu prefiro aqueles sem molduras, sem delimitações, sem enquadramentos, pertencimentos.
Ninguém pertence, ninguém.
E nem nada.
Eu estou aqui agora.
Mas poderia muito bem não estar.
Não, eu não pertenço.

Vou dar inicio a um poema ruim, clichê, chato e sem graça
Vou começar de qualquer jeito
Pode ser que dê certo
Pode ser que…dê errado
E meu amor? Meu chafariz
Bem me quer, mal me quer
Cicatriz rima com giz
E a coincidência infeliz?
Aproveite enquanto é tempo
Corra enquanto há chão
Disponha as peças, tente a sorte
Ouse, mas nem tanto
Devagar, mas em passos largos
Pode ser que dê certo
Pode ser que…dê errado
E meu amor? Meu chafariz
Bem me quer, mal me quer
Cicatriz rima com giz
E a coincidência infeliz?

Vinte e poucos anos, pisando sobre a grama pra sentir as últimas sensações de…
Ter vinte e poucos anos
Como me sinto com esses vinte e poucos anos, agora? E como me sentiria depois?
Viagens. Rio de janeiro, Aparecida do Norte, Brasília, Salvador
Um pedaçinho da grama da entrada do Maracanã, de Salvador, de Brasília
Souvenirs?
Não
Lembranças de?
De que lá estive, em minha mocidade
Nos meus vinte e, vinte e poucos anos
Mas sempre haveria de retornar
A minha cidade natal, de rotina, à minha velha idade
Nunca fui jovem, nunca estive tão longe por tanto tempo
Sempre haveria de retornar
A minha cidade natal, de rotina, à minha velha idade
Ilusão querer se perder, em algum lugar distante
Sempre haveria de retornar
A minha cidade natal, de rotina, à minha velha idade

Sinal vermelho, a noite está se esvaindo
O dia está acabando
E o cigarro se desvanece no entorno do substrato acinzentado
Todas as palavras já foram ditas, e a poesia, que já não é mais poesia, rabiscos amontoados numa pilha de papéis sobre a mesa
A melodia também está se perdendo, silenciando devagar
E não há mais tempo a se perder no sinal fechado
Sinal verde, e é chegada a hora de correr, novamente
Correr para alcançar o novo dia, que se apresenta no horizonte
Para se alcançar novas melodias, para se alcançar a poesia
E das cinzas, o cigarro
E do fogo, a vida, que se apresenta para um novo dia