Uma vez eu lembro de ter lido que aquela explosão do punk inglês por volta de 77 na Inglaterra, foi como que uma resposta dos jovens proletários ingleses, “marginalizados”, à sofisticação de bandas progressivas como Pink Floyd por exemplo que despontavam na época. Então eu penso que o punk naqueles tempos, assim como o movimento hippie dos anos 60 no mundo todo (com bandas como Mutantes aqui no Brasil tocando aquelas coisas malucas que eles tocavam em plena ditadura militar) representaram um movimento de contra-cultura, com o diferencial das guitarras distorcidas e a fúria. Sim, no punk desde os primórdios sempre existiu a fúria. Dai você vai me perguntar, mas fúria contra o que? Eu penso que o punk sempre foi de encontro a determinados valores corporativos, moralistas e principalmente hipócritas da sociedade. A moda, os ideais estúpidos de beleza, o conceito do “belo”, da “perfeição”, acho que o punk sempre questionou essas coisas. E penso também que o punk representou talvez uma das vertentes mais sinceras do rock n roll, uma vez que ela resgatou aquele amadorismo inicial que sempre norteou a todos os românticos. Acho que é necessário um certo amadorismo ao artista. Uma vez, inclusive, eu vi uma entrevista da Clarice Lispector na qual ela fala justamente isso, que ela era uma artista amadora, que escrevia quando queria e quando tinha vontade e que portanto não era profissional. E então penso que as vezes falta isso um pouco na música, no rock, um certo “amadorismo”. Ou seja, muitas bandas fazem de seus shows uma legitima exibição de técnica e profissionalismo. Os fãs voltam para casa satisfeitos mas, e daí? Aonde está o improviso, a espontaneidade inerentes a arte?
Quando o rock n roll foi se tornando algo burocrático demais, totalmente profissional, “perfeito”, “bonito” demais, o punk meio que surgiu mostrando que o “feio” também poderia ser interessante, que o simples poderia ser complexo. E que MENOS AS VEZES ERA MAIS.
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